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Entre fraldas e prazos de entrega: Uma carta às empresas (suporte parental)

Foto do escritor: Cátia FernandesCátia Fernandes
Uma carta às organizações.

Parabéns! Um novo pai/mãe nasceu no vosso local de trabalho. Sim, leram corretamente. Quando um bebé nasce, não é só uma nova vida e um novo ser humano que vem ao mundo. Há uma nova identidade dos vossos trabalhadores que emerge. E sejamos honestos, esta transformação é tão desafiante quanto bela. Importa dar suporte parental a estes trabalhadores.

 

Lembram-se de como se sentiram no vosso primeiro dia de trabalho? Multipliquem isso por mil, acrescentem privação de sono, e terão uma ideia do que os vossos trabalhadores -  a reintegrar no local de trabalho - poderão estar a experienciar. Alguns lamentam não passar 24 horas por dia com o seu bebé, como fizeram até então; enquanto outros se sentem aliviados por substituir - por alguns momentos, a troca de fraldas por prazos de entrega a cumprir. Ambas as experiências são válidas e em ambos os casos o vosso apoio será apreciado. Todo o suporte parental será bem-vindo.


Enquanto estes trabalhadores estavam ausentes, o local de trabalho não fez uma pausa. Continuou a funcionar, evoluir e transformar-se. Agora, estes funcionários estão de volta e a tentar dar o seu melhor para compreenderem o que mudou e se re-adaptarem aos seus postos de trabalho. Enquanto isso, tentam fazer malabarismos com as novas exigências da vida familiar e doméstica. É como tentar entrar numa passadeira em movimento enquanto carregam um bebé e um portátil às costas.


Eis o mais importante: vocês (as empresas e organizações) têm o poder de tornar esta transição mais exequível e tranquila. Ao apoiarem os vossos trabalhadores, não estão apenas a ser empáticos - estão também a servir os interesses do vosso negócio. Pais felizes são também funcionários mais empenhados; com elevadas chances de querer ficar na vossa organização e com capacidade de maior desempenho. É uma situação vantajosa para todos!


Então, como é que podem criar um ambiente mais protetor para estes novos pais? Deixamo-vos algumas ideias: 


Implementação de novas políticas

Desafiamos-vos a irem para além do mínimo. Ofereçam licenças prolongadas, flexibilidade ou programas que visam uma reintegração gradual ao posto de trabalho. É quase como se o trabalho fosse uma piscina e os tivessem que voltar a ensinar a nadar. Não era agradável se os atirassem logo para a parte mais funda, pois não?


Formação de chefias

Treinem as chefias. Eles devem ser capazes de compreender a montanha-russa de emoções que estes novos pais atravessam; a privação de sono; e todo o malabarismo que eles têm que fazer para gerir o trabalho-vida pessoal. Equipem-nos com superpoderes que os ajudem a identificar trabalhadores em dificuldades; que lhes permitem oferecer soluções flexíveis e criar um ambiente onde a pergunta "Como te sentes neste novo papel de vida?"  passa a ser tão natural quando a pergunta  "Como está a correr o projeto em que estás a trabalhar?".


Instiguem a formação de grupos internos

Criem grupos de apoio internos. Deixem os pais partilharem histórias, dicas, dificuldades e fazê-los compreender que não estão sozinhos nesta aventura da parentalidade. Isto permitir-lhes-á perceber que "estamos todos juntos nisto". Ao fomentar comunidades entre pares, as organizações não estão apenas a apoiar os pais; mas sim a cultivar uma cultura de compreensão e pertença que pode transformar positivamente uma organização e contribuir para a retenção dos trabalhadores.


A saúde mental é importante

Ofereçam serviços de aconselhamento adaptados para novos pais. Considerem incluir nos vossos pacotes de benefícios: Acesso a terapeutas especializados; Plataformas online repletas de recursos para navegar a parentalidade; workshops sobre como balancear o trabalho e a vida pessoal/familiar e gestão do stress parental. Disponibilizem estes serviços durante o horário de trabalho. Os vossos trabalhadores irão apreciar isso.


Melhorem os vossos espaços/escritórios

Criem uma sala de amamentação acolhedora que sirva como um refúgio seguro para as novas mães - silenciosa, privada e equipada com um frigorífico para garantir o armazenamento do leite. Considerem tornar esta sala multifuncional, garantindo que é à prova de som, permitindo que sirva também como um espaço para conversas confidenciais ou sessões de terapia.


Desenvolvimento de carreira

Garantam que tornar-se pai/mãe não prejudica a progressão na carreira, implementando processos de avaliação justos e proporcionando oportunidades contínuas de desenvolvimento profissional. Lembrem-se, o especialista em mudar fraldas de hoje pode ser o líder de equipa amanhã. 


 

Apoiar novos pais não se trata de criar um tratamento especial - trata-se de reconhecer o potencial humano no seu momento mais vulnerável e transformador.


Ao adotar estas estratégias, não estão apenas a apoiar indivíduos - estão a construir um local de trabalho que compreende o caminho complexo e bonito da parentalidade. Neste sentido, as organizações criam um ambiente onde os trabalhadores não têm de escolher entre ser pais excepcionais e profissionais excepcionais porque podem ser os dois!




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